terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Vitamina D: o que deve ser dito.

Essa história da vitamina D, fotoproteção e câncer já deu o que tinha que dar. Hoje resolvi sair do meu exílio para tecer alguns comentários sobre essa questão que originou um email formal da Sociedade Brasileira de Dermatologia na presente data.
A tese que gerou um certo pânico na comunidade científica dermatológica é de que o excesso de filtro solar (mas não tão somente isso) geraria uma deficiência de vitamina D (que para ser produzida necessita da exposição aos raios solares) que abriria as portas para uma maior incidência de alguns tipos de tumores viscerais, o que de fato procede em muitos estudos (não em todos), porém existem alguns aspectos a serem considerados. Até porque o câncer é um quebra-cabeça onde apenas uma das peças é a carência dessa vitamina.
Quem deve ser objeto de atenção ?

Idosos (pele envelhecida produz menos vitamina D)
Indivíduos com baixa exposição ao sol:
Uso rigoroso de medidas de fotoproteção
Cobertura da pele por práticas religiosas 
Pacientes com síndrome de mal-absorção
Pacientes com fototipos altos (peles escuras)
Obesos mórbidos

Se você estiver incluído em um desses grupos, deve ser monitorado, em especial se você tem história de câncer anterior ou na família. Não necessariamente a deficiência ocasionará isso, mas é um fator que hoje tem muita importância dentro da oncologia. Para se ter uma idéia existem palestras só sobre o tema
nos grandes congressos da área. 
O que se deve fazer então?
Nada de entrar em pânico. Não jogue seu protetor solar janela afora. Até porque inúmeros pacientes com esses fatores de risco e usando filtro religiosamente tem níveis normais de vitamina D. O uso do filtro solar ainda protege contra o câncer de pele e isso deve ser ressaltado. O que não dá mais é fingir que a deficiência não tem tanta importância assim. Acho que existe um medo entre os dermatologistas de assumir isso e causar uma impressão errada. Ou seria confusão na cabeça dos pacientes. Afinal, existem evidências (embora não mencionadas no email que recebemos hoje) do impacto da vitamina D em tumores como o de intestino e mama, só para se ter uma idéia.
O exame para saber se há ou não deficiência é de sangue e se afirmativo deverá se iniciar uma reposição de vitamina D adequada. A forma mais recomendada é a líquida (gotas). Particularmente, gosto de fazer dose de ataque seguida de manutenção. Atualmente, a vitamina D é usada em conjunto com o tratamento oncológico em indivíduos deficientes e até para prevenir recorrências.
Dessa forma,  todo dermatologista deveria perguntar sobre histórico pessoal e familiar de tumores, em especial na população mais idosa. Creio que a prescrição de vitamina D agora passa a ser também algo do dia a dia do dermatologista, não só de outros especialistas.

Alguns artigos sobre o tema: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1470481/
Entrevista com um oncologista sobre o assunto: http://www.cancer.net/all-about-cancer/cancernet-feature-articles/cancer-screening-and-prevention/asco-expert-corner-vitamin-d-and-cancer-risk


4 comentários:

  1. Fico feliz por voltar a postar, não sei o que a conteceu com vc, mas me tocou. Sempre entrava para ver se dava notícas.
    Felicidades!
    Sônia

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  2. Obrigada, Sonia.
    A vida é um eterno combate...

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  3. Muito interessante e elucidativo! Obrigada!!

    Eu só gostaria de saber se em suplementação como vitaminas Centrum, ou colágenos como Collacel, Gelape Plus, onde HÁ presença de vitamina D, pode suprir, de certa forma, essa "carência"...
    Deborah.

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  4. Nao Deborah...tem que ser algo bem calculado e em geral multivitaminicos nao tem uma dose individualizada de vitamina D boa o suficiente para elevar a mesma..

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